A ideia do blog é a demanda! Adolescente sofre para escolher. Sofre para tomar decisão, porque escolher significa ganhos e perdas! E muitos se veem solitários para essa escolha tão significativa em suas vidas! Se você está nesse momento e tem dúvidas, parabéns. Significa que a maturidade está acontecendo!
domingo, 2 de dezembro de 2012
As famílias estão muito caladas!
Depois de tantos anos de atuação com adolescentes, tendo a possibilidade de atualizar-me na linguagem, nos filmes, nos livros, nas gírias, nas relações, no "ficar", no "não ficar", na dor de ter ou não a possibilidade de algumas coisas, nas inseguranças próprias da juventude, no silêncio das famílias...
Sinto-me muitas vezes tentando entender que corrente é essa que foi instituída das "não relações". Dentro de nossas próprias casas! Tenho a impressão que investir nos relacionamentos têm dado muito trabalho, por isso, a ideia do descarte está atualmente tão estabelecida, a solidão instalada - no meio de tantas pessoas nos sentimos absolutamente sozinhos, a depressão, doença e não comportamento, é uma das maiores existentes hoje no mundo. Anti depressivos, terapia, acompanhamento, encaminhamento, terceirização da educação de nossos filhos. Diagnósticos rodando a nossa atuação profissional. Elementos altamente importantes na condução da vida de nossas crianças e jovens.
Impressiona-me o que a vida está fazendo com as pessoas, ou melhor - a não vida! De que vida estamos falando? Que tipo de seres somos e que tipo de historia queremos passar aos nossos filhos, crianças e adolescentes?
Somos adultos indisciplinados! Falamos de algo que não conseguimos fazer. Dizemos coisas, criticamos, cobramos e nos colocamos como exemplos daquilo que não somos! Temos dificuldade em viver de maneira transparente. Temos atitudes que não condizem com o que insistentemente pregamos aos nossos filhos. Fomos cobrados, eu sei! Mas o que estamos fazendo com tudo isso? Vejo hoje a necessidade das pessoas organizarem encontros para estarem juntas, o que é muito bom, muito gostoso estar juntos. Eu mesma, participei de dois ontem. Um de ex colegas de classe do antigo Colegial ( pessoas entre 50-55 anos) e outro de uma Comunidade de Jovens da qual participei nos idos anos de 1970-1975. Coisa boa! Como é bom estar junto às pessoas que um dia nos foram significativas, antigos professores, amigos, confidentes, ex namorados, amigos que aprontavam mais, amigos mais sérios, mais extrovertidos. Como é bom o aconchego daquilo que é humano- o abraço, o beijo, as lembranças, a saudade... Historias que hoje contamos aos nossos filhos, mas que infelizmente não conseguimos viver com eles!
O que tudo isso tem a ver com escolha de profissão?
Os jovens só conseguirão escolher se tiverem a possibilidade de se apropriar de suas historias de vida. Quantos jovens não têm a menor noção dos que se passou na historia de seus pais? Será que isso não tem reflexos na vida deles, na carreira que irão seguir? Que tipo de argumentos nossos jovens terão na sua vida? Como se sairão nas dinâmicas e entrevistas de trabalho? Se lembrarão do que seus pais e professores contaram, conversaram, discutiram, ou se basearão numa construção pessoal de sites, links, celulares, e a grande solidão das redes que aderimos sem pestanejar? O homem e a máquina digitando, lendo, assistindo, mas, não falando, não olhando com olhos de ver. Ouvindo, mas, não escutando. Não tem toque, a pele não sente, os olhos que não vêm as lágrimas, o assunto que precisa ser conversado e que trava na nossa garganta e não sai. O silêncio!
Porque será que não nos permitimos mais falar de nós, sentir, rir, chorar, contar, reviver, abraçar, pedir desculpas, admitir que erramos, elogiar, incentivar, repreender, dizer o que pensamos. Porque será que saímos juntos, mas a nossa relação se pauta em um eletrônico em nossas mãos? Porque será que fazemos de conta que estamos, sem estar?
Pais, adultos da relação. Temos que perceber a nossa influência e a nossa responsabilidade sobre o desenvolvimento de nossos filhos. É na nossa existência, em nossas atitudes que eles pautarão o seu futuro. Ainda dá tempo!
domingo, 28 de outubro de 2012
A eleição e a escolha de carreira
Estava refletindo hoje, em época de eleição, como seria importante se nossos jovens vislumbrassem como expectativa e sonho, a possibilidade de seguirem uma carreira política, uma carreira pública. Fato é que a incredulidade permeia a nossa relação com essa "coisa" chamada política. E não é à toa! Desde que me conheço por gente, vinda de uma família altamente politizada, a ideia que ficava era de que, esse era um mundo pra poucos e, que, só os mais "capacitados" e intelectualmente privilegiados estariam aptos à exercer um cargo de liderança como vereador, prefeito, deputado estadual ou federal, e até presidente da República. Hoje percebo que além desses atributos nem tão exigidos, mas, sem dúvida importantes, o item ética, é aquele que mais faz falta. Pela minha relação adulta com as questões políticas e as conversas que dividimos em casa, no colégio, percebo a desesperança do adulto e do jovem. Na maioria das vezes, se o jovem pensa lá na frente em exercer um cargo político de liderança, parece que partem do pressuposto, que esse é um mundo à parte do todo. Como se alguém eleito, estivesse privilegiando apenas sua vida, seus rendimentos e sua abundancia material pessoal. Não gostaria de pensar e não gostaria que o jovem pensasse dessa forma. Parece-me uma situação já instituída que não temos possibilidade de mudar, e confesso, sinto-me também frustrada e com dificuldade de pensar diferente. Como se fôssemos reféns de um "bando" de pessoas, que são nossos "funcionários", por nós, eleitos, e que não se preocupam em nos prestar contas do que estão fazendo com nosso dinheiro, com os altos impostos que pagamos. Há de ter jovens, no meio dessa multidão, que está prestes a escolher profissão, alguns que com sua habilidade administrativa, com seu planejamento, com uma equipe bem estruturada, com olhar para o ser humano, concorra nas futuras eleições à cargos públicos.
Sim, a humanização da política, a humanização dos políticos. Humanizar - tornar humano- colocar-se no lugar do outro, do que não teve a mesma oportunidade na vida. O ser humano "bem tratado" é outro ser. O ser humano que sente-se valorizado pela qualidade da escola, da educação, da saúde, de hospitais, médicos, psicólogos, de onde mora.
Será difícil termos jovens dispostos a liderar esse estandarte de mudança?
Queridos jovens, sigam seus caminhos profissionais, mas pensem que também há espaços importantíssimos na carreira política, mas só se habilite à isso se, de fato você se importa consigo e com o outro. Assim teremos possibilidade de vibrar com você e mudar essa história.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
O que representa a família na vida do filho?
Vários estudiosos escrevem sobre a importância do papel da família na vida do filho-aluno.Quero falar da prática; daquilo que assistimos no dia -a dia de uma grande escola.
O aluno vai passando por diferentes etapas e necessidades no seu desenvolvimento, porém, em todos os momentos, nas diferentes faixas etárias, nos diferentes cursos, é inegável o grande reflexo e a grande diferença entre aqueles que são "bem assistidos" e aqueles que são "abandonados".
Esse "abandono" não acontece só porque trabalhamos muito para garantir a sobrevivência. Vivemos numa sociedade exigente, que cada vez mais nos cobra o "ser" e o "ter". Consequentemente, essas necessidades atingem em cheio a vida de nossos filhos.
O "abandono" a que me refiro, é a solidão a que muitas vezes, o filho é submetido. Solidão de palavras, de gestos, de interesse, de sensibilidade, de ter que dar conta sózinho.
Funcionamos, sim, como fiscalizadores e não como acompanhantes-parceiros, não só da vida escolar, mas da vida deles em geral. Nossos filhos além de alunos são filhos, são netos, são sobrinhos, às vezes são irmãos, são namorados, são amigos, ou seja, têm na sua vida diferentes papéis, diferentes "funções".
Ouvir os filhos dá trabalho, porque, a partir da fala deles, temos que rever nossos conceitos, nossa juventude, nossa função de pais, nossa "disciplina ou indiscplina" de adultos, e isso nem sempre é muito agradável. Nossos filhos precisam de nós!
Interessarmo-nos pelos assuntos deles significa pararmos outras coisas para ter escuta, significa desligarmos o notebook, a TV, significa ouvirmos a opinião deles, sem acharmos que o mundo gira em torno da nossa verdade adulta.
A tendência natural é que nós, pais, sejamos sempre movidos por boas intenções, mas ao negar uma simples realidade, uma pequena experiência de vida relatada ou vivida por eles, damos ao filho a impressão de que ele existe no incompreensível ou de que a sua capacidade não é suficiente para dar conta da vida.
O filho deve sentir-se levado a sério, tendo suas próprias opiniões e escolhas. Tem o direito de errar - Óh céus! Quanto nós pais já erramos! Eles têm o direito de começar de novo, de investigar. E, nós pais, precisamos cuidar de nossos gestos, do nosso olhar, da palavra mal pensada e dita, pois podemos contribuir para atenuar ou acelerar problemas mais sérios. Somos o adulto da relação.
O ser humano compromete a sua capacidade de funcionar se não tiver sua auto -estima intacta, e os nossos filhos poderão tê-la ou não, dependendo de como nos envolvemos com os seus feitos, com os seus sucessos, derrotas, conflitos. Nosso filhos precisam de nós! E precisam de nós também para escolher a profissão que irão seguir.
Nós pais, somos referência para nossos filhos, e se formos uma referência parada, que não opina, que não se interessa, uma referência que eles não se orgulham de ter. Se deixamos o tempo correr para ver se lá na frente tem jeito, estaremos seriamente sujeitos a ficar recolhendo os cacos da nossa dificuldade em assumir a missão que é nossa, e que ninguém poderá substituir-nos: Sermos Pais.
sábado, 29 de setembro de 2012
Crescer dói, mas é necessário!
Para alunos do 3º ano do ensino médio, em especial para os alunos do Colégio Divino Salvador
Recebi nessa semana um aluno, um tanto quanto aflito pois não sabe como lidar com o fato da mãe - pais separados - não facilitar-lhe a possibilidade de escolher um curso, em uma faculdade, onde terá que morar em outra cidade, e que, devido à distância, terá a possibilidade de vir à cada 15 dias de volta pra casa.
A história é que, esse filho e essa mãe, até pela circunstância da separação dos pais, quando ele era ainda pequeno, fez com que um vivesse em função do outro, e a ideia é que esse momento de "separação" iria demorar muito à chegar. Só que chegou e isso está desestruturando essa história e esse caminhar juntos.
Percebo que, nós mães, temos mais dificuldade em aceitar o momento de crescimento e escolhas pessoais dos filhos, quer seja no curso, no namoro, no estilo de vida. Somos "leoas" quando, sentimos o eminente "perigo" de "perdermos" nossas crias. Volto à dizer que nós somos os adultos dessa relação, e apesar de sentirmos um "friozinho na barriga" quando os filhos nos anunciam:"Vou prestar tais e tais vestibulares, aqui, acolá, etc", temos que trazer os pés à realidade e perceber que eles já não dependem tanto da nossa opinião e do nosso estado de vida, para decidirem seu futuro. Somos importantes para eles e o seremos sempre, porém, a hora é agora.
Deixemos que eles sonhem, se arrisquem, pensem grande esse futuro. Não vamos reduzir as possibilidades de nossos filhos à esse pequeno entorno, que é a cidade que moramos, às faculdades que existem na cidade, à facilidade que terão continuando a morar em nossa casa. O filho sonha ir longe, e esse ir longe significa muitas vezes, ir longe fisicamente dos pais, da mãe. É experimentar como se darão tendo que pegar ônibus, fritar ovo, fazer miojo, ligar pra mãe perguntando como faz strogonoff, marcar consulta no dentista. Ir longe é testar-se no exercício de usar bem o que nós pais e nós mães orientamos e demos de valores durante todo esse período que permaneceram sob a nossa tutela. Mães; sofram, mas não tanto ao ponto de truncarem a possibilidade de grandes êxitos e grandes tentativas de seus filhos.
É o que sempre digo: crescer dói, mas é necessário e urgente!
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Quero adiar o Vestibular!
Os sinais de cansaço começam a aparecer nessa época do ano letivo. Alguns alunos bastante focados no desejo de uma boa aprendizagem e tentando manter o "pé no acelerador" motivados pelo grande desejo de concluir a etapa do ensino médio e iniciar - se possível- a graduação,outros ainda preocupados em dar conta do ensino médio, tentando somar os pontos necessários para garantir a aprovação.
De qualquer forma, é interessante que o jovem tenha clareza que, embora as expectativas os "empurrem" para prestarem o vestibular ao término do ensino médio, podem pensar diferente!
Muitos alunos, que trocam suas indecisões comigo, trazem consigo dúvidas e inseguranças com relação a qual o momento certo, quando vão amadurecer, quando vão ter certeza do que querem?
Particularmente, percebo como algo natural o aluno desejar ter mais um ano, mais um tempo, uma ano de cursinho, até ter um contato maior com a vida.Isso não lhes dá garantia, porque o 100% de certeza não existe. Toda escolha envolve riscos e a escolha do momento certo depende de cada pessoa. Porém é importante que os pais não se assustem se o filho manifestar o "não desejo", porque isso também é uma escolha!
Um ano a mais pode fazer uma diferença significativa no foco da vida!
sábado, 22 de setembro de 2012
Pais: "Falem com seus filhos, não só sobre passar no Vestibular.....
Tenho acompanhado com preocupação, inúmeros casos onde percebo que o silêncio paira no ar....O que está acontecendo?
Será que está comum não nos comunicarmos, não falarmos, não olharmos nos olhos das pessoas, dos nossos filhos, dos nossos pais, dos nossos amigos? Será normal não sabermos e não termos curiosidade de saber?
Em época de inscrição para os vestibulares, ENEM, pesquisa de profissões, orientação de carreira, muitos alunos nos procuram. Ás vezes com dúvidas corriqueiras, ás vezes com dúvidas muito sérias. Por exemplo, acho uma dúvida séria quando desenvolvemos uma dinâmica voltada para as atividades profissionais que foram desenvolvidas pelos avós, bisavós, pais, tios, e percebo que um número significativo de alunos não sabem a profissão dos pais. Isso mesmo. Até eu não saber o que meus bisavós faziam, ou os avós, no que trabalham ou trabalharam, digamos que não seria tão provável, mas me assusta o jovem me dizer; "Olha Bel, sei que meu pai fez curso superior, mas eu não sei direito qual curso foi. Parece que ele começou um, desistiu e começou outro, mas não sei te falar".
Acreditem, isso é mais comum do que vocês possam imaginar!
Uma outra coisa que não sabem: o ramo da atividade que os pais trabalham, o nome da empresa que desempenham sua atividade profissional. E aí me pergunto, não seria o momento de mudarmos esse cenário? Claro fica, que isso é falta de conversa, falta de interesse de um pelo outro. Como seria bom se, os pais contassem para seus filhos como "cresceram" na vida. Como optaram pela profissão que têm, quais os dramas que vivenciaram na sua caminhada, o que deu certo e o que não deu. Contem para seus filhos, como foi começar um curso e ter que parar, às vezes por falta de dinheiro, ou por ter escolhido o curso errado que não tinha nada a ver com você.Falem para ele como é a sua rotina no trabalho, coisas que você apesar de não gostar têm que fazer, atingir as metas e outras que você gosta muito, e se sente feliz com isso.
Os nossos filhos irão ver significado naquilo que sentirem importância. Se nós, enquanto adultos da relação e enquanto pessoas que já passaram por toda essa vivência, não nos sentirmos entusiastas para passar isso ao filho, e estimulá-lo a conhecer a vida, estaremos numa função extremamente passiva, como se não estivéssemos implicados na situação e na dúvida, e pior, como se não estivéssemos interessados no que ele está passando nesse momento, e na vida dele.
Conversem com seu filho sobre isso. Digam à ele se vocês, pais, vão conseguir pagar uma faculdade particular se ele não conseguir na pública. Ajudem-no à encontrar possibilidades: estudar à noite e trabalhar de dia, morar fora ou viajar todos os dias, fazer empréstimo através do FIES, ou até verificar se a própria faculdade têm algum tipo de empréstimo, desconto para quem desenvolve alguma atividade na faculdade, entre outras opções.
A ideia é: sem conversa, escolher profissão fica muito, mas muito mais difícil!
sábado, 15 de setembro de 2012
O excesso de proteção da família dificultam a decisão da carreira
As famílias, em especial pai e mãe, muitas vezes não têm a dimensão dos reflexos do seu "funcionamento" na vida dos filhos.
No momento da escolha do curso superior, tudo o que o jovem viveu desde a sua concepção, irá ter influência na decisão. Deparo-me com jovens absolutamente inseguros, introvertidos, tímidos e por consequência com medo de arriscar-se, de ter iniciativa positiva em relação à própria vida, em relação às suas escolhas. Estão sem "garra", sem força pra enfrentar o que têm pela frente.
Quando somos mães excessivamente protetoras, ou quando um dos dois- pai ou mãe - são muito críticos, a situação geralmente é que; cada vez que o filho tenta se arriscar, tenta dar sua opinião, é "informado" que não está certo, que não está sendo assertivo, que deveria pensar desse ou daquele jeito. Diante dessa atitude e dessa repetida mensagem, de que ele não é capaz, de que ele não consegue, a tendência natural é desse filho não colocar-se mais e ir se calando. Vai calando as perguntas, vai calando a curiosidade, vai calando o diálogo. Não têm muito o que "trocar", pois aquilo que têm a oferecer, pode sempre ser visto como não suficiente, e o jovem passa a viver impulsionado por uma auto-estima baixa, passa a ter muito medo de errar, pois não vive mais segundo os seus desejos, mas sim, vive para atender a expectativa dos pais, começa a confundir o que é seu e o que não é seu desejo.
Sei que boa parte dos pais não têm consciência desse modo de ser e o "estrago" que isso causa, porém entendo que precisamos ter mais cuidado em respeitar o crescimento natural de nossos filhos. Filho precisa ser cuidado como criança quando o é, mas filho cresce, filho precisa ter pensamento próprio, escolha própria, desejo próprio, opinião. O medo, a insegurança já são inevitáveis quando se deparam com o novo, por isso não precisamos acrescentar mais "fermento nesse bolo".
Sugiro uma boa conversa, sugiro ouvidos mais atentos, coração atento e confiança na possibilidade desse filho escolher, tentar, treinar, acertar, errar, começar e recomeçar. É isso que a vida nos pede! E é isso que nós, adultos dessa relação, fazemos todos os dias!
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
A reação dos alunos ao fazer a inscrição para os vestibulares.
Tenho tido semanas de intenso trabalho desde a volta dos alunos para o 2º semestre. Além dos medos e inseguranças que surgem no momento de "fecharem" sua escolha, outros receios começam a surgir. Pais, vocês não calculam como alguns filhos sofrem com o receio de morarem longe de casa, de não ter a "comida" da mãe, de se assustarem de lidar com cartão de débito, de crédito, de ter que pagar conta, negociar o valor da diarista, achar com quem morar, e enfrentar o novo. Ah! o novo. É assustador quando está na imaginação! Vira um "monstro"!
O que os alunos trazem como queixa geralmente é o medo de estar escolhendo a profissão errada.Só que após algumas intervenções, vou percebendo que a escolha está segura, eles têm até o plano "B" já estabelecido. Se não entrar vou fazer cursinho, vou amadurecer melhor minha decisão, enfim. E aí começa a aparecer na "queixa" o entorno desse aluno. E no entorno estão incluídos a expectativa dos pais, da família, dos amigos, o namoro atual, a distancia de casa, a "república, e toda a moldura que compõe nada mais que o CRESCER.
Cresçam caros alunos. Dói, mas vale a pena viver em plenitude esse momento tão exigente, mas tão maravilhoso!
domingo, 19 de agosto de 2012
Os filhos não devem ser responsáveis por fazer o curso que os pais queriam, desejaram e não fizeram!
Fico um pouco apreensiva, e confesso até sem entender muito, o que se passa na cabeça e no coração de muitos pais que transportam para seus filhos vestibulandos, expectativas e até "ordens" para que os filhos cursem aquilo que eles queriam ter feito, e por algum motivo, não fizeram.
É estranho pensar que algum ser humano, seja lá quem for, possa responder e dar conta dos nossos "descaminhos", ou tente realizar as frustrações alheias.
Tenho atendido um número significativo de alunos que às vésperas de inscreverem-se nos vestibulares, ainda se deparam com a dúvida de fazer aquilo que estejam imaginando que seja o melhor para eles, ou ainda tentar "atender, agradar e até obedecer" o pai, ou a mãe que depositam nesse filho a sua necessidade de realização.
Para quem como eu, há muito anos atendo e trabalho com alunos do ensino médio, tendo um repertório importante do quanto esses alunos literalmente "sofrem" para escolher, fico pensando da importância desses pais abrirem um pouco mais a sua percepção de vida escolar, de crescimento de filho, de quantas possibilidades esses jovens têm hoje para galgarem muitos caminhos, e que não há como a todo momento, estarem além de preocupados com o seu presente e o seu futuro, terem que retomar os caminhos que foram ou não traçados por seus pais. O ser humano é único, a vida de cada um é única. O curso que esse jovem escolher, têm que ter a ver com ele, com seu jeito, suas habilidades, seu perfil, seu gosto, seu desejo.É ele que vai cursar e é ele que vai trabalhar todos os dias de sua vida profissional com isso, portanto não dá para fazer algo simplesmente porque ouve: "Ou você faz isso, ou não vou te ajudar. Você vai ter que se virar sozinho. Isso acontece tanto para a escolha do curso quanto a eterna frase: "Você tem que entrar na Universidade Pública. Já te paguei um excelente ensino médio e é isso que espero de você".
Às vezes atendo o mesmo aluno com essas duas demandas: fazer o curso que um dos pais querem e não ter a opção de tentar uma faculdade particular, mesmo que os pais tenham condição financeira para isso.
Gente, os nossos filhos precisam ter dentro de si a certeza de quem são capazes de seguir em frente, seja lá com o quê escolherem, e para isso precisam exercitar essa escolha, não a que queremos, mas a que eles desejam.
O que precisamos é dar clareza aos nossos filhos de apoio, de qual é a nossa condição ou não de pagarmos uma faculdade particular, de ajudá-los fazendo todas as visitas possíveis às faculdades, colocarmos esses filhos em contato com profissionais da área para que saibam a rotina de trabalho dessa ou daquela profissão, e depois ficarmos torcendo para que tudo isso os façam felizes.
Permitam que eles deixem a porta entreaberta e se descobrirem que se equivocaram, possam fazer o caminho de volta e recomeçar.Pensem seriamente nisso!
Fico um pouco apreensiva, e confesso até sem entender muito, o que se passa na cabeça e no coração de muitos pais que transportam para seus filhos vestibulandos, expectativas e até "ordens" para que os filhos cursem aquilo que eles queriam ter feito, e por algum motivo, não fizeram.
É estranho pensar que algum ser humano, seja lá quem for, possa responder e dar conta dos nossos "descaminhos", ou tente realizar as frustrações alheias.
Tenho atendido um número significativo de alunos que às vésperas de inscreverem-se nos vestibulares, ainda se deparam com a dúvida de fazer aquilo que estejam imaginando que seja o melhor para eles, ou ainda tentar "atender, agradar e até obedecer" o pai, ou a mãe que depositam nesse filho a sua necessidade de realização.
Para quem como eu, há muito anos atendo e trabalho com alunos do ensino médio, tendo um repertório importante do quanto esses alunos literalmente "sofrem" para escolher, fico pensando da importância desses pais abrirem um pouco mais a sua percepção de vida escolar, de crescimento de filho, de quantas possibilidades esses jovens têm hoje para galgarem muitos caminhos, e que não há como a todo momento, estarem além de preocupados com o seu presente e o seu futuro, terem que retomar os caminhos que foram ou não traçados por seus pais. O ser humano é único, a vida de cada um é única. O curso que esse jovem escolher, têm que ter a ver com ele, com seu jeito, suas habilidades, seu perfil, seu gosto, seu desejo.É ele que vai cursar e é ele que vai trabalhar todos os dias de sua vida profissional com isso, portanto não dá para fazer algo simplesmente porque ouve: "Ou você faz isso, ou não vou te ajudar. Você vai ter que se virar sozinho. Isso acontece tanto para a escolha do curso quanto a eterna frase: "Você tem que entrar na Universidade Pública. Já te paguei um excelente ensino médio e é isso que espero de você".
Às vezes atendo o mesmo aluno com essas duas demandas: fazer o curso que um dos pais querem e não ter a opção de tentar uma faculdade particular, mesmo que os pais tenham condição financeira para isso.
Gente, os nossos filhos precisam ter dentro de si a certeza de quem são capazes de seguir em frente, seja lá com o quê escolherem, e para isso precisam exercitar essa escolha, não a que queremos, mas a que eles desejam.
O que precisamos é dar clareza aos nossos filhos de apoio, de qual é a nossa condição ou não de pagarmos uma faculdade particular, de ajudá-los fazendo todas as visitas possíveis às faculdades, colocarmos esses filhos em contato com profissionais da área para que saibam a rotina de trabalho dessa ou daquela profissão, e depois ficarmos torcendo para que tudo isso os façam felizes.
Permitam que eles deixem a porta entreaberta e se descobrirem que se equivocaram, possam fazer o caminho de volta e recomeçar.Pensem seriamente nisso!
terça-feira, 14 de agosto de 2012
E começam as inscrições para os Vestibulares!
No retorno das aulas nesse segundo semestre, acontece sempre uma rotina interessante; quando os alunos do 3º ano do Ensino Médio se deparam com o início das inscrições para os Vestibulares: FUVEST, UNICAMP e tantos outros, também em instituições particulares.
Tive uma semana recheada de alunos que me procuraram, com indícios de incertezas. Alunos que passaram pelo processo de Orientação Profissional, que pesquisaram, que foram às Feiras de Profissões oferecidas por grandes instituições, e que após todo esse investimento, escolheram aquilo que julgaram mais adequado ao seu perfil, aos seus desejos, aos seus projetos. Porque então "bate esse desespero quando as inscrições se iniciam?"
Porque a ideia que se tem, ainda é que ao escrever na ficha o nome do curso pretendido, está se selando um compromisso eterno, que deve durar o tempo em que esse jovem tiver uma vida produtiva. Uma visão equivocada do que significa escolher. Essa é a grande e primeira decisão autônoma porque o jovem escreve nessa ficha, aquilo que ele pretende cursar, pretende trabalhar, pretende subsistir e ter um retorno do seu trabalho; e claro que é uma atitude que demanda consequências, que podem atender ou não a expectativa desse jovem.
O fato é que a busca por partilhar comigo, ou com os pais, com amigos, com professores é a incerteza, é a busca de alguém que dê garantias, que não tem como serem dadas.
O nosso papel de adultos nessa relação, é de ouvirmos e tentarmos dar ao jovem a consciência que por difícil que seja, chegou a hora. Parecia tão distante, parecia que iria demorar tanto a chegar, e chegou, e vem o susto e de novo o receio de estar fazendo a escolha errada, o receio de crescer. Entrar nesse "mundo de gente grande" e chegar à conclusão que crescer "dói" e traz incertezas e beleza, e por isso deve ser vivido intensamente.
A minha sugestão é que após o preenchimento da ficha de inscrição para os Vestibulares, você procure se tranquilizar. Preste o exame para aquilo que escolheu. Tenha um plano para a aprovação e um plano "B" se não der. Escolha com cuidado as instituições possíveis que pretende cursar e vá em frente.
Efetivamente você só terá certeza que acertou no curso, quando começar a se envolver com as disciplinas, com a prática e com a vivência acadêmica, que sem dúvida, pode ser um dos momentos mais significativos que o jovem pode ter.
No retorno das aulas nesse segundo semestre, acontece sempre uma rotina interessante; quando os alunos do 3º ano do Ensino Médio se deparam com o início das inscrições para os Vestibulares: FUVEST, UNICAMP e tantos outros, também em instituições particulares.
Tive uma semana recheada de alunos que me procuraram, com indícios de incertezas. Alunos que passaram pelo processo de Orientação Profissional, que pesquisaram, que foram às Feiras de Profissões oferecidas por grandes instituições, e que após todo esse investimento, escolheram aquilo que julgaram mais adequado ao seu perfil, aos seus desejos, aos seus projetos. Porque então "bate esse desespero quando as inscrições se iniciam?"
Porque a ideia que se tem, ainda é que ao escrever na ficha o nome do curso pretendido, está se selando um compromisso eterno, que deve durar o tempo em que esse jovem tiver uma vida produtiva. Uma visão equivocada do que significa escolher. Essa é a grande e primeira decisão autônoma porque o jovem escreve nessa ficha, aquilo que ele pretende cursar, pretende trabalhar, pretende subsistir e ter um retorno do seu trabalho; e claro que é uma atitude que demanda consequências, que podem atender ou não a expectativa desse jovem.
O fato é que a busca por partilhar comigo, ou com os pais, com amigos, com professores é a incerteza, é a busca de alguém que dê garantias, que não tem como serem dadas.
O nosso papel de adultos nessa relação, é de ouvirmos e tentarmos dar ao jovem a consciência que por difícil que seja, chegou a hora. Parecia tão distante, parecia que iria demorar tanto a chegar, e chegou, e vem o susto e de novo o receio de estar fazendo a escolha errada, o receio de crescer. Entrar nesse "mundo de gente grande" e chegar à conclusão que crescer "dói" e traz incertezas e beleza, e por isso deve ser vivido intensamente.
A minha sugestão é que após o preenchimento da ficha de inscrição para os Vestibulares, você procure se tranquilizar. Preste o exame para aquilo que escolheu. Tenha um plano para a aprovação e um plano "B" se não der. Escolha com cuidado as instituições possíveis que pretende cursar e vá em frente.
Efetivamente você só terá certeza que acertou no curso, quando começar a se envolver com as disciplinas, com a prática e com a vivência acadêmica, que sem dúvida, pode ser um dos momentos mais significativos que o jovem pode ter.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Qual a leitura que se deve fazer do resultado do teste vocacional?
Como já coloquei, o teste vocacional tem sua validade desde que seja um complemento, uma ferramenta à mais, que se junta à várias possibilidades, conversas com o grupo, com o orientador, com os pais, com os profissionais atuantes do curso que pretende seguir, dinâmicas de grupo, pesquisas e mais pesquisas sobre o curso e o perfil necessário para esse curso.
Certo é que a visão hoje de vocação é muito diversificada. Os jovens tem muitas habilidades, muitas facilidades, muitos interesses, e naturalmente várias profissões seriam possíveis de serem cursadas por esse jovem, porém, o momento pede que ele priorize uma delas.
O teste vocacional geralmente contempla algumas áreas: Ciências Físicas, Ciências Biológicas, Cálculo, Persuasão, Burocrático-Administrativo, Serviços Assistenciais Sociais, Lingüística e Artes.
O que ocorre, é que depois da tabulação do teste, o orientador deve ter uma visão dinâmica do resultado, senão corre o risco de dizer ao orientando : "tal área deu um número mais elevado, então você-aluno deve seguir essa área". Isso não é real. Para a maioria das profissões, o bom orientador sabe que há exigências de resultados em algumas áreas, por exemplo, o jovem que têm propensão à Arquitetura, geralmente apresenta um índice significativo em Cálculo, Lingüística e Artes, isso porque ele vai lidar com o pensamento subjetivo das pessoas, vai ter que calcular, e vai lidar com o lado estético da obra, do desejo de seu cliente.Isso significa que as áreas "conversam" entre si, e isso precisa ficar bem claro para o orientando. Na área social, geralmente pessoas do sexo feminino apresentam índices significativos, e isso não significa necessariamente que essa pessoa tem propensão à ser Assistente Social, Psicóloga, Cientista Social ou outras profissões da área. O sexo feminino costuma ser mais sensível às necessidades das pessoas, e por esse motivo, se no resultado, a jovem tiver um índice expressivo nessa área e também em outra, essa outra área deve ser olhada com cuidado, e ser levada muito em conta. Nesse momento é que o orientador precisa retomar as conversas com o jovem, o que apareceu de mais relevante na fala dele, as atividades escritas e somar à isso o resultado do teste vocacional. Com esses elementos, o jovem poderá ter discernimento do seu resultado e até levar em conta 3 ou 4 áreas cujos índices no resultado do teste tenham sido consideradas significativas em relação às outras.
Certo é que a visão hoje de vocação é muito diversificada. Os jovens tem muitas habilidades, muitas facilidades, muitos interesses, e naturalmente várias profissões seriam possíveis de serem cursadas por esse jovem, porém, o momento pede que ele priorize uma delas.
O teste vocacional geralmente contempla algumas áreas: Ciências Físicas, Ciências Biológicas, Cálculo, Persuasão, Burocrático-Administrativo, Serviços Assistenciais Sociais, Lingüística e Artes.
O que ocorre, é que depois da tabulação do teste, o orientador deve ter uma visão dinâmica do resultado, senão corre o risco de dizer ao orientando : "tal área deu um número mais elevado, então você-aluno deve seguir essa área". Isso não é real. Para a maioria das profissões, o bom orientador sabe que há exigências de resultados em algumas áreas, por exemplo, o jovem que têm propensão à Arquitetura, geralmente apresenta um índice significativo em Cálculo, Lingüística e Artes, isso porque ele vai lidar com o pensamento subjetivo das pessoas, vai ter que calcular, e vai lidar com o lado estético da obra, do desejo de seu cliente.Isso significa que as áreas "conversam" entre si, e isso precisa ficar bem claro para o orientando. Na área social, geralmente pessoas do sexo feminino apresentam índices significativos, e isso não significa necessariamente que essa pessoa tem propensão à ser Assistente Social, Psicóloga, Cientista Social ou outras profissões da área. O sexo feminino costuma ser mais sensível às necessidades das pessoas, e por esse motivo, se no resultado, a jovem tiver um índice expressivo nessa área e também em outra, essa outra área deve ser olhada com cuidado, e ser levada muito em conta. Nesse momento é que o orientador precisa retomar as conversas com o jovem, o que apareceu de mais relevante na fala dele, as atividades escritas e somar à isso o resultado do teste vocacional. Com esses elementos, o jovem poderá ter discernimento do seu resultado e até levar em conta 3 ou 4 áreas cujos índices no resultado do teste tenham sido consideradas significativas em relação às outras.
terça-feira, 17 de julho de 2012
O "Teste Vocacional" resolve a minha escolha profissional?
É comum o aluno entrar na minha sala de atendimento e perguntar: " Bel, você pode aplicar o teste vocacional? Estou muito perdido(a) na escolha da profissão que pretendo seguir, não tenho ideia do que fazer".
A minha resposta à essa questão é sempre muito semelhante. Não dá pra resolvermos a nossa vida somente com um instrumento, ou marcando alguns "x" à várias alternativas, e acharmos que isso finaliza o processo de escolha profissional. A necessidade nesse momento vai muito além do teste vocacional.
Quando pensamos em escolhas, pensamos na pessoa, pensamos na sua história de vida, pensamos quais foram os "códigos" emitidos pela família na vida desse jovem, quais foram as oportunidades que ele já teve, o que fez com as oportunidades que lhes foram dadas, qual é o seu perfil- mais introvertido, mais extrovertido, se expõe melhor oralmente ou escrevendo, o que gosta de ler, qual é o primeiro assunto que procura quando abre o jornal, que revistas assina, quais são as profissões anteriores que permearam a árvore genealógica da sua família - o que faziam seus bisavós, seus avós, seus pais, seus irmãos. Em quais disciplinas se realiza, o que gosta de aprender e executar. Tem um espírito de liderança, ou espera que as pessoas deleguem o que é necessário fazer. Enfim....muitas vertentes, muitas coisas à serem pesquisadas além do teste vocacional.
E, para fazer esse exercício de auto conhecimento, é necessário que o jovem tenha possibilidade de falar e de ser escutado, porque, quando ele fala, é o primeiro à ouvir-se, e quando consegue dividir isso com seus pais, com seus professores, com seus amigos, com o psicólogo(a) da escola, está fazendo um exercício de saber quem é, e inclusive percebe que seus pares, encontram-se na mesma situação, e de certa forma isso o alivia.
O Teste Vocacional é um instrumento, que sem dúvida auxilia, mas só será eficaz a sua aplicação, quando esse jovem já tiver tido oportunidade de falar muito sobre si, de perceber-se, e o orientador que o está acompanhando tiver uma boa formação, discernimento e clareza que, não pode haver nenhum tipo de orientação direcionada, tipo; "eu acho que você deve fazer isso ou aquilo". Não. O processo de orientação profissional bem conduzido, faz com que, o próprio jovem vá tendo discernimento de quem é, e obtenha informações técnicas sobre os cursos pensados, as faculdades, as grades curriculares, e assim vá construindo o que realmente deseja ser e como realmente deseja viver no futuro.
Aí sim, validamos a contribuição do teste vocacional.
A minha resposta à essa questão é sempre muito semelhante. Não dá pra resolvermos a nossa vida somente com um instrumento, ou marcando alguns "x" à várias alternativas, e acharmos que isso finaliza o processo de escolha profissional. A necessidade nesse momento vai muito além do teste vocacional.
Quando pensamos em escolhas, pensamos na pessoa, pensamos na sua história de vida, pensamos quais foram os "códigos" emitidos pela família na vida desse jovem, quais foram as oportunidades que ele já teve, o que fez com as oportunidades que lhes foram dadas, qual é o seu perfil- mais introvertido, mais extrovertido, se expõe melhor oralmente ou escrevendo, o que gosta de ler, qual é o primeiro assunto que procura quando abre o jornal, que revistas assina, quais são as profissões anteriores que permearam a árvore genealógica da sua família - o que faziam seus bisavós, seus avós, seus pais, seus irmãos. Em quais disciplinas se realiza, o que gosta de aprender e executar. Tem um espírito de liderança, ou espera que as pessoas deleguem o que é necessário fazer. Enfim....muitas vertentes, muitas coisas à serem pesquisadas além do teste vocacional.
E, para fazer esse exercício de auto conhecimento, é necessário que o jovem tenha possibilidade de falar e de ser escutado, porque, quando ele fala, é o primeiro à ouvir-se, e quando consegue dividir isso com seus pais, com seus professores, com seus amigos, com o psicólogo(a) da escola, está fazendo um exercício de saber quem é, e inclusive percebe que seus pares, encontram-se na mesma situação, e de certa forma isso o alivia.
O Teste Vocacional é um instrumento, que sem dúvida auxilia, mas só será eficaz a sua aplicação, quando esse jovem já tiver tido oportunidade de falar muito sobre si, de perceber-se, e o orientador que o está acompanhando tiver uma boa formação, discernimento e clareza que, não pode haver nenhum tipo de orientação direcionada, tipo; "eu acho que você deve fazer isso ou aquilo". Não. O processo de orientação profissional bem conduzido, faz com que, o próprio jovem vá tendo discernimento de quem é, e obtenha informações técnicas sobre os cursos pensados, as faculdades, as grades curriculares, e assim vá construindo o que realmente deseja ser e como realmente deseja viver no futuro.
Aí sim, validamos a contribuição do teste vocacional.
domingo, 15 de julho de 2012
Quero ser médica, bombeiro, astronauta.Quero tudo quando sou criança!
Um dos itens que compõe a história de vida dos jovens e de seus pais, são os desejos de infância, expressados lá no começo da vida, e que são perpetuados no imaginário dos pais, mas não dos filhos. Comum as crianças no decorrer da vida, "pularem" de profissão em profissão até realmente na adolescência terem mais consciência, e de fato "fecharem" com aquela profissão que julgam naquele momento ser a melhor escolha.
Tive alguns casos interessantes sobre esse assunto no decorrer da minha atuação, e um em especial, me chamou a atenção.
Estávamos no início de um ano letivo e essa aluna, de 17 anos, iniciando o 3º ano do ensino médio, e eu passando pelo corredor, me deparo com essa aluna sentada no chão sozinha com uma ar de muita angústia. Naturalmente parei, me abaixei e perguntei-lhe se estava precisando de ajuda. Ela imediatamente aceitou falar comigo.
Indo até minha sala de atendimento me relata chorando que desde muito pequena, expressou em casa o desejo de ser médica, e claro, criou uma enorme expectativa na família, em especial nos pais. A Medicina vem sempre rodeada de um imaginário onde tudo é maravilhoso. À começar pelo vestibular, onde você tem que vencer muita gente. Para os pais, o filho prestar vestibular para Medicina é um "cartão de visitas" muito positivo, dá muito orgulho, embora na prática saibamos que há toda uma ilusão no assunto. Quantas profissões belíssimas, quanta capacidade têm esses jovens para brilharem, seja qual for a profissão que escolherem!
E criança...........criança quer ser tudo! Quer ser médica, professora, bombeiro, jogador de futebol, corredor de fórmula 1, bailarina, e assim, tudo o que podem brincar, eles querem ser no futuro.
Mas, voltando ao caso. Essa aluna percebeu que não era Medicina que queria, mas queria ensinar, queria se dedicar ao ensino de alguma forma e expressou o desejo de saber mais sobre o curso de Letras.
Lembro-me da expressão de pavor e da dificuldade dela fazer esse relato com lágrimas correndo pelo seu rosto. Pensei comigo: tem alguma coisa atras disso que a está apavorando, além dela achar que vai decepcionar os pais. Continuamos conversando e ela me disse que não conseguia sequer partilhar essa dúvida com os pais, e principalmente com a mãe. Descobri então que a mãe era professora de Língua Portuguesa e se queixava demais do comportamento dos alunos, do retorno financeiro que era pouco. Já o pai trabalhava com transporte, e embora não tivesse o curso universitário, entendi pela conversa que ele teria mais compreensão do que ela estava passando, embora ele também estivesse muito feliz com a escolha inicial de Medicina.
Combinamos uma estratégia, e orientei-a à inicialmente conversar com o pai sobre a angústia que naquele momento a afligia, mas antes procuramos saber muito sobre ela, o perfil, o auto conhecimento e a pesquisa sobre o curso de Letras, Linguística e áreas afins, até para que ela tivesse elementos argumentativos para conversar.
Assim foi feito, porém, em casa houve uma grande resistência, e para dizer a verdade, um inconformismo, uma indignação, ainda mais quando souberam que ela já tinha conversado com a psicóloga da escola- no caso eu- e tinha sido entendida, e porque não dizer, apoiada.
Chegou então o momento da psicóloga falar com os pais. Agendamos a data e assim eles chegaram com uma atitude inicialmente resistente e duvidosa. Levei adiante o acolhimento à esses pais, procurando exercer a empatia, colocando-me no lugar deles, mas também colocando-me no lugar da filha-aluna, que expõe claramente o seu não desejo de fazer Medicina. E ficava claro que não era medo do vestibular- era uma aluna que se saia muito bem nas questões pedagógicas.
Na conversa, a mãe discorre sobre todo o seu "calvário" na profissão que escolheu, sua infelicidade como profissional, sua não realização, e o meu papel naquele momento era deixar claro a diferenciação do ser pessoa. Ela era uma, a filha era outra. Ela tinha um desejo, a filha tinha outro, e quem teria que exercer a profissão escolhida era a filha e não ela.
O pai, uma pessoa mais simples, mas bastante assertivo, também lamentava o rumo que a escolha profissional da filha estava tomando, mas disse que respeitaria por entender que ninguém sentiria-se feliz fazendo todos os dias algo que não o realizasse, e que como percebia isso na esposa, não queria também isso para a filha.
Ressalto que pra chegarmos em um consenso, fiz 4 atendimentos desses pais, e paralelo à isso, continuava atendendo a filha-aluna para realmente ajudá-la a ter a mínima possibilidade de erro. Nesse caminhar fomos indo pela área de Biológicas e das Letras, tentando talvez uma profissão que fundisse essas duas áreas em que ela mostrava interesse.
Pesquisou Fonoaudiologia, consegui que ela passasse uma semana com uma fonoaudióloga, acompanhando seus atendimentos para alunos com déficit de atenção, dislexia, alunos com alteração do processamento auditivo central, que necessitavam de trabalhos em cabines, e assim ela percebeu que a grande paixão que tinha pela língua portuguesa, pela biologia e pelo desejo de ajudar pessoas, se fundiam, de acordo com a pesquisa dela, no curso de Fonoaudiologia. E assim; foi esse Vestibular que prestou. Entrou na Universidade Pública, e quando estava no 3º ano da faculdade me visitou-" eta coisa boa" rever esses alunos tão queridos- pra me contar que estava muito feliz por já estar estagiando, inclusive sendo remunerada, e as grandes perspectivas que estava enxergando à frente.
A conclusão que tiro disso: pais- deixem que seus filhos expressem tudo o que desejem desde a hora que começam à falar. Isso é um exercício de idas e vindas que vão acontecer a vida toda. E não necessariamente significam que eles selam um acordo com vocês quando falam que querem ser astronauta, piloto de avião, médico, advogado. São exercícios de escolha, que só serão efetivamente certeiros, no momento em que seu filho começar a atuar na profissão escolhida.
Tive alguns casos interessantes sobre esse assunto no decorrer da minha atuação, e um em especial, me chamou a atenção.
Estávamos no início de um ano letivo e essa aluna, de 17 anos, iniciando o 3º ano do ensino médio, e eu passando pelo corredor, me deparo com essa aluna sentada no chão sozinha com uma ar de muita angústia. Naturalmente parei, me abaixei e perguntei-lhe se estava precisando de ajuda. Ela imediatamente aceitou falar comigo.
Indo até minha sala de atendimento me relata chorando que desde muito pequena, expressou em casa o desejo de ser médica, e claro, criou uma enorme expectativa na família, em especial nos pais. A Medicina vem sempre rodeada de um imaginário onde tudo é maravilhoso. À começar pelo vestibular, onde você tem que vencer muita gente. Para os pais, o filho prestar vestibular para Medicina é um "cartão de visitas" muito positivo, dá muito orgulho, embora na prática saibamos que há toda uma ilusão no assunto. Quantas profissões belíssimas, quanta capacidade têm esses jovens para brilharem, seja qual for a profissão que escolherem!
E criança...........criança quer ser tudo! Quer ser médica, professora, bombeiro, jogador de futebol, corredor de fórmula 1, bailarina, e assim, tudo o que podem brincar, eles querem ser no futuro.
Mas, voltando ao caso. Essa aluna percebeu que não era Medicina que queria, mas queria ensinar, queria se dedicar ao ensino de alguma forma e expressou o desejo de saber mais sobre o curso de Letras.
Lembro-me da expressão de pavor e da dificuldade dela fazer esse relato com lágrimas correndo pelo seu rosto. Pensei comigo: tem alguma coisa atras disso que a está apavorando, além dela achar que vai decepcionar os pais. Continuamos conversando e ela me disse que não conseguia sequer partilhar essa dúvida com os pais, e principalmente com a mãe. Descobri então que a mãe era professora de Língua Portuguesa e se queixava demais do comportamento dos alunos, do retorno financeiro que era pouco. Já o pai trabalhava com transporte, e embora não tivesse o curso universitário, entendi pela conversa que ele teria mais compreensão do que ela estava passando, embora ele também estivesse muito feliz com a escolha inicial de Medicina.
Combinamos uma estratégia, e orientei-a à inicialmente conversar com o pai sobre a angústia que naquele momento a afligia, mas antes procuramos saber muito sobre ela, o perfil, o auto conhecimento e a pesquisa sobre o curso de Letras, Linguística e áreas afins, até para que ela tivesse elementos argumentativos para conversar.
Assim foi feito, porém, em casa houve uma grande resistência, e para dizer a verdade, um inconformismo, uma indignação, ainda mais quando souberam que ela já tinha conversado com a psicóloga da escola- no caso eu- e tinha sido entendida, e porque não dizer, apoiada.
Chegou então o momento da psicóloga falar com os pais. Agendamos a data e assim eles chegaram com uma atitude inicialmente resistente e duvidosa. Levei adiante o acolhimento à esses pais, procurando exercer a empatia, colocando-me no lugar deles, mas também colocando-me no lugar da filha-aluna, que expõe claramente o seu não desejo de fazer Medicina. E ficava claro que não era medo do vestibular- era uma aluna que se saia muito bem nas questões pedagógicas.
Na conversa, a mãe discorre sobre todo o seu "calvário" na profissão que escolheu, sua infelicidade como profissional, sua não realização, e o meu papel naquele momento era deixar claro a diferenciação do ser pessoa. Ela era uma, a filha era outra. Ela tinha um desejo, a filha tinha outro, e quem teria que exercer a profissão escolhida era a filha e não ela.
O pai, uma pessoa mais simples, mas bastante assertivo, também lamentava o rumo que a escolha profissional da filha estava tomando, mas disse que respeitaria por entender que ninguém sentiria-se feliz fazendo todos os dias algo que não o realizasse, e que como percebia isso na esposa, não queria também isso para a filha.
Ressalto que pra chegarmos em um consenso, fiz 4 atendimentos desses pais, e paralelo à isso, continuava atendendo a filha-aluna para realmente ajudá-la a ter a mínima possibilidade de erro. Nesse caminhar fomos indo pela área de Biológicas e das Letras, tentando talvez uma profissão que fundisse essas duas áreas em que ela mostrava interesse.
Pesquisou Fonoaudiologia, consegui que ela passasse uma semana com uma fonoaudióloga, acompanhando seus atendimentos para alunos com déficit de atenção, dislexia, alunos com alteração do processamento auditivo central, que necessitavam de trabalhos em cabines, e assim ela percebeu que a grande paixão que tinha pela língua portuguesa, pela biologia e pelo desejo de ajudar pessoas, se fundiam, de acordo com a pesquisa dela, no curso de Fonoaudiologia. E assim; foi esse Vestibular que prestou. Entrou na Universidade Pública, e quando estava no 3º ano da faculdade me visitou-" eta coisa boa" rever esses alunos tão queridos- pra me contar que estava muito feliz por já estar estagiando, inclusive sendo remunerada, e as grandes perspectivas que estava enxergando à frente.
A conclusão que tiro disso: pais- deixem que seus filhos expressem tudo o que desejem desde a hora que começam à falar. Isso é um exercício de idas e vindas que vão acontecer a vida toda. E não necessariamente significam que eles selam um acordo com vocês quando falam que querem ser astronauta, piloto de avião, médico, advogado. São exercícios de escolha, que só serão efetivamente certeiros, no momento em que seu filho começar a atuar na profissão escolhida.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
As nossas brincadeiras de infância são importantes para escolher profissão?
Quando pensamos em escolher profissão, temos que levar em conta várias coisas. Uma delas é fazermos uma retrospectiva, uma auto análise do que foi a nossa vida até então. Sempre temos situações que foram mais marcantes, quer seja na escola, quer seja na nossa vida pessoal.
Uma das boas experiências é pensarmos como éramos quando crianças. Do que gostávamos de brincar, que tipo de coisas gostávamos de fazer. Há crianças que sempre tiveram muito prazer em consertar, montar quebra-cabeças, contar histórias, juntar os amiguinhos para brincar de professora, de médico, de dentista. Se pensarmos na escola, para aqueles que tiveram oportunidade, puderam fazer experiências em laboratórios, dissecaram animais, viram reações químicas acontecendo. Outros se lembrarão de alguns trabalhos em grupo, de peças teatrais que montaram, que representaram, ou de slogan que tiveram que criar, ou vídeos que montaram com diferentes assuntos. Tudo isso são lembranças importantes, e sempre há nesse meio, algo que se destacou, algo que nos deu muito prazer em fazer e que lembramos com saudade.
Se além disso, pensarmos no que somos hoje;que filmes gostamos de assistir, se há alguma série específica na TV que gostamos de acompanhar, se há alguma leitura que buscamos com frequência. Podemos observar-nos também, como nos comportamos quando abrimos um jornal, se há alguma sessão específica que sempre procuramos em primeiro lugar, uma página específica que "batemos o olho" e ali nos detemos na leitura.
São alguns itens importantes, assim como percebemos em nossa experiência, que geralmente, o jovem tem clareza daquilo que não deseja. Comum o comentário "eu detesto" tal disciplina, eu"jamais" faria algo que tivesse essa ou aquela matéria. Então, o retomar o histórico escolar e verificar as disciplinas que gosto de saber, aprendo com facilidade aquele assunto que me traz muito interesse, são de importância no momento de estruturarmos o nosso perfil profissional. Vale salientar que o fato de "não gostarmos" de determinada disciplina não nos deve afastar da pesquisa de cursos que contenham essa disciplina. Dificilmente encontraremos na graduação, um curso que tenha exatamente as matérias que sonhei. Então mãos à obra, façam sua autobiografia, relembrem sua história e pesquisem, pesquisem muito.
Uma das boas experiências é pensarmos como éramos quando crianças. Do que gostávamos de brincar, que tipo de coisas gostávamos de fazer. Há crianças que sempre tiveram muito prazer em consertar, montar quebra-cabeças, contar histórias, juntar os amiguinhos para brincar de professora, de médico, de dentista. Se pensarmos na escola, para aqueles que tiveram oportunidade, puderam fazer experiências em laboratórios, dissecaram animais, viram reações químicas acontecendo. Outros se lembrarão de alguns trabalhos em grupo, de peças teatrais que montaram, que representaram, ou de slogan que tiveram que criar, ou vídeos que montaram com diferentes assuntos. Tudo isso são lembranças importantes, e sempre há nesse meio, algo que se destacou, algo que nos deu muito prazer em fazer e que lembramos com saudade.
Se além disso, pensarmos no que somos hoje;que filmes gostamos de assistir, se há alguma série específica na TV que gostamos de acompanhar, se há alguma leitura que buscamos com frequência. Podemos observar-nos também, como nos comportamos quando abrimos um jornal, se há alguma sessão específica que sempre procuramos em primeiro lugar, uma página específica que "batemos o olho" e ali nos detemos na leitura.
São alguns itens importantes, assim como percebemos em nossa experiência, que geralmente, o jovem tem clareza daquilo que não deseja. Comum o comentário "eu detesto" tal disciplina, eu"jamais" faria algo que tivesse essa ou aquela matéria. Então, o retomar o histórico escolar e verificar as disciplinas que gosto de saber, aprendo com facilidade aquele assunto que me traz muito interesse, são de importância no momento de estruturarmos o nosso perfil profissional. Vale salientar que o fato de "não gostarmos" de determinada disciplina não nos deve afastar da pesquisa de cursos que contenham essa disciplina. Dificilmente encontraremos na graduação, um curso que tenha exatamente as matérias que sonhei. Então mãos à obra, façam sua autobiografia, relembrem sua história e pesquisem, pesquisem muito.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
As decisões nem sempre são eternas......
Escolher profissão é difícil porque temos sempre a sensação
de que não temos a possibilidade de reparar, de recomeçar. O jovem se vê aflito
ao preencher sua ficha de inscrição aos vestibulares, porque sente como se
estivesse assinando um contrato que não poderá rever. Como se tivesse que levar
adiante a vida toda, sem chance de retomar. E quando imaginamos algo que
não podemos recomeçar, geralmente sentimos pânico. É ter uma
única "bala na agulha" e ter que acertar.
Vale a pena a reflexão de que contratos podem ser
renováveis, e que as decisões não necessariamente precisam ser eternas.
Nada impede que, quando optamos por um curso, tenhamos a possibilidade de
revê-lo. Nem sempre conseguimos aos 17, 18 anos ter clareza do que nos espera
pela frente. As vezes, o jovem opta por um curso e depois de cursá-lo por um
período, que não deve ser inferior à 1 ano, ele perceba que se equivocou, que
imaginou uma coisa e o que está vendo é outra.
Porque cursar pelo menos 1 ano?
O período que antecede a decisão e a entrada no curso
superior é muito angustiante e aflitivo. O jovem se vê com várias portas
à sua frente, mas não sabe o que encontrará depois delas. Há receio em não
passar no vestibular nem público nem privado. Há receio de saber onde vai
morar, se vai morar em república, deparar-se com tantas pessoas que nunca
viu, com hábitos e valores diferentes, se vai adaptar-se
longe de casa. Para apropriar-se dessas mudanças, o jovem necessita
de convivência, de tempo, de contato. Essas incertezas vão se diluindo
gradualmente, homeopaticamente, conforme o jovem vai intensificando sua
vivência, mudando sua rotina, acostumando-se com as novidades, vai
deixando para traz suas ansiedades, e deixa de viver um imaginário,
passando a ter domínio do novo espaço que ocupa, da nova realidade que
agora, faz parte da sua vida.
Se tiver que resolver em pouco tempo todos esses anseios, o jovem corre o risco de achar que uma saudade grande da família ou da namorada(o), uma não adaptação à república, signifiquem que ele escolheu o curso errado, quando, na verdade ele ainda não conseguiu inserir-se no contexto da graduação, das aulas, dos trabalhos, enfim. Por isso, a importância de ter o tempo necessário para discernir entre um sentimento e outro, entre o que é da convivência fora de casa e o que é do curso. Diria que o 1º semestre é para o amontoado de novidades que o jovem está enfrentando, e o 2º semestre é para de fato o jovem decidir se é esse curso mesmo o seu escolhido.
Se tiver que resolver em pouco tempo todos esses anseios, o jovem corre o risco de achar que uma saudade grande da família ou da namorada(o), uma não adaptação à república, signifiquem que ele escolheu o curso errado, quando, na verdade ele ainda não conseguiu inserir-se no contexto da graduação, das aulas, dos trabalhos, enfim. Por isso, a importância de ter o tempo necessário para discernir entre um sentimento e outro, entre o que é da convivência fora de casa e o que é do curso. Diria que o 1º semestre é para o amontoado de novidades que o jovem está enfrentando, e o 2º semestre é para de fato o jovem decidir se é esse curso mesmo o seu escolhido.
Geralmente quando isso ocorre, o jovem titubeia em falar com
seus pais. Tem receio de dizer que "errou" pois isso pode soar
como uma fragilidade, algo ruim. Também costuma ter um sentimento de que não
conseguiu devolver no "tempo certo" aquilo que os pais lhes deram com
tanto esforço.
Há que haver a abertura para um espaço dialógico, onde pais
e filho possam empaticamente conversar sobre o assunto.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Como as nossas vivências passadas nos controlam na hora de escolher profissão....
Somos seres caminhantes, e assim temos em nossa vivência, um
número significativo de motivos para escolher
isso ou aquilo. Entre as possibilidades; aproximadamente 500 cursos de graduação, com diferentes nomes, diferentes especialidades, tentamos buscar dentro de nós, respostas que possam
conduzir-nos a uma escolha
significativa, que agregue valores importantes à nossa vida pessoal e profissional.
Alguns casos interessantes que já acompanhei, fazem-me crer
que, muitos fatores inconscientes podem
interferir e até ofuscar a clareza que
gostaríamos de ter. Escolhas afetivas, escolhas para a continuidade de “empresas
familiares”, escolhas para "agradar" os pais, escolhas para aproveitar “carteiras de clientes” dos pais, que podem ser médicos, advogados, dentistas, etc.
Uma das situações de
grupo que mais me marcaram nesses últimos
15 anos em que trabalho com orientação aos alunos que vão prestar o
vestibular, foi de um jovem de 17 anos
que inicialmente colocou para o grupo que não conseguia achar algo positivo
nele, que achava que “não servia para fazer nada”, denotando uma auto estima
muito prejudicada. Após seu relato e
depois de alguns encontros onde ele fez colocações importantes sobre o quadro
familiar – pais separados recentemente- muitas mágoas, muitas decepções, muito sofrimento ele diz: “.... estou
pensando em fazer Gastronomia...."
Continuamos
conversando e ele relata que gostava de cozinhar, que apreciava fazer
churrascos, que gostava de saber sobre os diferentes temperos nos supermercados,
mas que acima de tudo, enxergava a Gastronomia como uma possibilidade de unir a
família, já que “...é à mesa, com comida farta, que as famílias se reúnem, e
comida à mesa é sempre uma celebração familiar...”, e essa seria uma maneira que ele encontrou de juntar o quê, naquele momento estava totalmente desfeito. Lembro-me que houve
uma comoção no grupo, pois mesmo sem a experiência necessária, aqueles jovens
perceberam que o que falava
mais alto naquele momento, não
era o que ele queria como profissional, que tipo de trabalho gostaria de fazer,
mas sim como ele faria para ter sua família de volta.
Depois de alguns encontros, dinâmicas de autoconhecimento, da tomada de consciência daquilo que o motivava naquele momento, da sua impotência diante de tamanha responsabilidade, que é juntar o que está separado, e muita, muita pesquisa, ele optou por Relações
Internacionais. Hoje já está formado e é um ótimo profissional.
terça-feira, 12 de junho de 2012
A nossa história nos encaminha...
Boa parte dos adolescentes que conversam comigo, trazem consigo a necessidade de respostas prontas, receitas, como se tivéssemos a possibilidade de "tirar o coelho da cartola", uma fantasia mágica que em algum momento vão acordar e saber o que desejam da vida. Assim como tudo, no processo de desenvolvimento humano, as nossas escolhas- sejam elas quais forem- exigem uma grande dose de auto- reflexão, ponderação, bom senso, e acima de tudo temos que conhecer o que queremos. Para conhecer precisamos nos "debruçar" na investigação, recorrendo à todas as ferramentas, pessoas e profissionais possíveis, que possam nos auxiliar. Isso porque escolha gera consequência. Toda e qualquer escolha tem eco. E nesse momento também percebemos como é que lidamos com as frustrações. Afinal não podemos num primeiro momento escolher vários cursos ao mesmo tempo.
Interessante que comecemos a pensar, que a forma como escolhemos não precisa ser definitiva. Desde quando começamos a ter consciência das coisas, temos a possibilidade de exercer a nossa capacidade de escolha, e a maneira como vamos fazê-la, vai depender muito dos códigos que nos foram inseridos pelo nosso meio, pelo nosso ambiente de vida, pelos nossos pais. Há pais que "empurram" e permitem que os filhos comecem a exercer sua autonomia desde cedo. Há outros que por histórias pessoais, não conseguem "soltar", e fazem questão de exercitar o controle por muitos anos, e quando o filho chega ao Ensino Médio, esses mesmos pais têm a fantasia que os filhos caminharão com as próprias pernas. Mas...como? Não foram treinados para isso, não conviveram com isso, e nesse momento os filhos começam a sentir uma forte necessidade de dar uma resposta à essa expectativa dos pais, e muitas vezes fazem escolhas atropeladas.Como se não saber o que se deseja, fosse uma fragilidade, ou um sinal de fraqueza. Isto é observado principalmente nos meninos. O senso comum, a cultura existente nos diz que "homem têm que saber o que quer". E eu vos digo que, não precisam ter respostas para o que ainda não sabem!
É comum verificarmos à nossa volta e percebermos, principalmente no comportamento das mães da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, alguns comportamentos que acabam inibindo a possibilidade do filho(a) ir adquirindo aos poucos a capacidade de escolha. Por exemplo: mães que no início do ano fazem questão de escolher o tipo de caderno, a borracha, a caneta, a mochila, muitas vezes indo sozinhas à papelaria. E quando o filho(a) percebe, já está com o material pronto, escolhido, etiquetado.
Não estou dizendo dos limites necessários, porém os pais podem estabelecer com o filho até quanto podem gastar, quanto podem pagar, dar algumas orientações de escolha, e deixar que ele(a) perceba que, embora tenha vários desejos, alguns poderão ser atendidos, outros não. Mas que nesse pequeno universo que é a escolha do seu material, ele possa fazê-lo!
Para você, jovem que está tão aflito nesse momento, pulando de curso em curso às vezes num só dia; observe-se: como é que você escolhe um tênis diante da vitrine do shopping?
Alguns me responderão: "bato o olho, resolvo e pronto", outros dirão que pedem que se derrube toda a prateleira, prova todos e não leva nenhum, outros ainda escolherão pelo modelo, pela cor, pensando nas roupas têm em casa que possa combinar, outros precisarão sempre de alguém junto; um amigo, uma amiga, a mãe, o pai, alguém que ratifique sua decisão.
Claro que é muito gostoso partilharmos nossas indecisões, e até saudável, mas o que deve prevalecer numa escolha é o desejo de quem o está fazendo, não pode ser o desejo do outro.Quem vai usar o tênis é você, e assim, você deverá sentir-se muito bem com esse tênis no pé. Deverá estar confortável, porque possivelmente estará no seu pé quase todo dia. E tem coisa pior que andar com um tênis ou um calçado apertado que te causa desprazer cada vez que você o coloca?
Assim a profissão que você vai escolher. Ela deverá te causar uma sensação muito agradável, você estará lidando com as adversidades que ela vai exigir, porque a adversidade existe sempre em muitas situações, mas estará te fazendo um bem enorme, porque gosta de estar naquele lugar, com aquelas pessoas, exercendo aquele tipo de trabalho, satisfeito com a sua remuneração.
Na verdade, quem escolhe a profissão escolhe que tipo de vida quer ter, como quer viver, em que ambiente deseja estar.
Faça esse exercício hoje: Como você se imagina daqui a 10 anos?
domingo, 10 de junho de 2012
O índice de evasão dos alunos na graduação preocupa!
O índice de desistência no 1º ano
do curso superior aproxima-se de 40%. Um número que poderia ser minimizado, se
um dos fatores importantes fossem trabalhados preventivamente: oferecer aos
estudantes a possibilidade de conhecerem as suas habilidades, suas facilidades
e terem informações claras sobre os cursos, sobre as faculdades.
É uma tarefa que exige ajuda de quem está no entorno desses
jovens: os pais, familiares, professores, psicólogos escolares. E essa ajuda
deve vir em forma de apoio, de entendimento, de escuta e não de expectativas,
pois essas muitas vezes são tão fortes que o jovem não sabe mais qual é o seu
desejo e qual o desejo de todos os demais.Lembro que, na maioria das vezes, o
desejo dos pais não é o dos filhos!sábado, 9 de junho de 2012
Quando a dúvida bate em minha porta...
Chegou a hora!Pensei que ia demorar tanto... A possibilidade do novo assusta.Muitas interrogações???????????Será que vou dar conta do Ensino Médio, tenho receio de fazer uma escolha equivocada do curso que escolher. Será que vou passar no Vestibular? Consigo em Universidade Pública? E se for privada, meus pais terão como me ajudar financeiramente? E como será que é morar fora, perder o aconchego da casa, da comida pronta, do afeto diário. E como será que é morar em república com pessoas que nunca vi?
Não é pouco para um único ano. São muitas interrogações para poucas respostas seguras. Tudo está por vir, mas há possibilidade do jovem fazer uma escolha harmoniosa, utilizando seus recursos internos, o apoio de seus pais, de seus professores, dos profissionais do Colégio. Você precisa antes de tudo saber quem você é e o que você deseja nessa vida,
nesse futuro que está batendo à sua porta.
Você precisa também de muita informação sobre os muitos cursos existentes: onde se localizam, grade curricular, onde se trabalha com esse curso, qual o mercado, etc. Não adianta querer escolher sobre o nada! Para optarmos pelo o que quer que seja, precisamos conhecer. E conhecer significa dedicar-se a isso. Pesquisar, ler, conversar, visitar, enfim. Precisa de tempo e trabalho duro nessa escolha!
Vou tentar ajudá-los nessa escolha!
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