É comum o aluno entrar na minha sala de atendimento e perguntar: " Bel, você pode aplicar o teste vocacional? Estou muito perdido(a) na escolha da profissão que pretendo seguir, não tenho ideia do que fazer".
A minha resposta à essa questão é sempre muito semelhante. Não dá pra resolvermos a nossa vida somente com um instrumento, ou marcando alguns "x" à várias alternativas, e acharmos que isso finaliza o processo de escolha profissional. A necessidade nesse momento vai muito além do teste vocacional.
Quando pensamos em escolhas, pensamos na pessoa, pensamos na sua história de vida, pensamos quais foram os "códigos" emitidos pela família na vida desse jovem, quais foram as oportunidades que ele já teve, o que fez com as oportunidades que lhes foram dadas, qual é o seu perfil- mais introvertido, mais extrovertido, se expõe melhor oralmente ou escrevendo, o que gosta de ler, qual é o primeiro assunto que procura quando abre o jornal, que revistas assina, quais são as profissões anteriores que permearam a árvore genealógica da sua família - o que faziam seus bisavós, seus avós, seus pais, seus irmãos. Em quais disciplinas se realiza, o que gosta de aprender e executar. Tem um espírito de liderança, ou espera que as pessoas deleguem o que é necessário fazer. Enfim....muitas vertentes, muitas coisas à serem pesquisadas além do teste vocacional.
E, para fazer esse exercício de auto conhecimento, é necessário que o jovem tenha possibilidade de falar e de ser escutado, porque, quando ele fala, é o primeiro à ouvir-se, e quando consegue dividir isso com seus pais, com seus professores, com seus amigos, com o psicólogo(a) da escola, está fazendo um exercício de saber quem é, e inclusive percebe que seus pares, encontram-se na mesma situação, e de certa forma isso o alivia.
O Teste Vocacional é um instrumento, que sem dúvida auxilia, mas só será eficaz a sua aplicação, quando esse jovem já tiver tido oportunidade de falar muito sobre si, de perceber-se, e o orientador que o está acompanhando tiver uma boa formação, discernimento e clareza que, não pode haver nenhum tipo de orientação direcionada, tipo; "eu acho que você deve fazer isso ou aquilo". Não. O processo de orientação profissional bem conduzido, faz com que, o próprio jovem vá tendo discernimento de quem é, e obtenha informações técnicas sobre os cursos pensados, as faculdades, as grades curriculares, e assim vá construindo o que realmente deseja ser e como realmente deseja viver no futuro.
Aí sim, validamos a contribuição do teste vocacional.
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