quinta-feira, 28 de junho de 2012

As decisões nem sempre são eternas......


Escolher profissão é difícil porque temos sempre a sensação de que não temos a possibilidade de reparar, de recomeçar. O jovem se vê aflito ao preencher sua ficha de inscrição aos vestibulares, porque sente como se estivesse assinando um contrato que não poderá rever. Como se tivesse que levar adiante a vida toda, sem chance de retomar. E quando  imaginamos algo que  não podemos  recomeçar, geralmente sentimos  pânico. É ter uma única "bala na agulha" e ter que acertar.
Vale a pena a reflexão de que contratos podem ser renováveis, e que as decisões não necessariamente precisam ser eternas.  Nada impede que, quando optamos por um curso, tenhamos a possibilidade de revê-lo. Nem sempre conseguimos aos 17, 18 anos ter clareza do que nos espera pela frente. As vezes, o jovem opta por um curso e depois de cursá-lo por um período, que não deve ser inferior à 1 ano, ele perceba que se equivocou, que imaginou uma coisa e o que está vendo é outra.
Porque cursar pelo menos 1 ano?
 O período que antecede a decisão e a entrada no curso superior  é muito angustiante e aflitivo. O jovem se vê com várias portas à sua frente, mas não sabe o que encontrará depois delas. Há receio em não passar no vestibular nem público nem privado. Há receio de saber onde vai morar,  se vai morar em república, deparar-se com tantas pessoas que nunca viu, com hábitos e valores diferentes,  se vai  adaptar-se  longe de casa. Para apropriar-se  dessas mudanças, o jovem necessita de convivência, de tempo, de contato. Essas incertezas vão se diluindo gradualmente, homeopaticamente, conforme o jovem vai intensificando sua vivência, mudando sua rotina,  acostumando-se  com as novidades, vai deixando para traz suas ansiedades,  e deixa de viver um imaginário, passando a ter domínio do novo espaço que ocupa, da nova realidade que  agora, faz parte  da sua vida.
Se tiver que resolver em pouco tempo  todos esses anseios, o jovem corre o risco de achar que uma saudade grande da família ou da namorada(o), uma não adaptação à república, signifiquem que ele escolheu  o curso errado, quando, na verdade ele ainda não conseguiu inserir-se no contexto da graduação, das aulas, dos trabalhos, enfim. Por isso, a importância de ter o tempo necessário para discernir entre um sentimento e outro, entre o que é da convivência fora de casa e o que é do curso. Diria que o 1º semestre é para o amontoado de novidades que o jovem está enfrentando,  e o 2º semestre é para de fato o jovem decidir se é esse curso mesmo o seu escolhido.
Geralmente quando isso ocorre, o jovem titubeia em falar com seus pais. Tem receio de dizer que  "errou" pois isso pode soar como uma fragilidade, algo ruim. Também costuma ter um sentimento de que não conseguiu devolver no "tempo certo" aquilo que os pais lhes deram com tanto esforço.
Há que haver a abertura para um espaço dialógico, onde pais e filho possam empaticamente conversar sobre o assunto.





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