Escolher profissão é difícil porque temos sempre a sensação
de que não temos a possibilidade de reparar, de recomeçar. O jovem se vê aflito
ao preencher sua ficha de inscrição aos vestibulares, porque sente como se
estivesse assinando um contrato que não poderá rever. Como se tivesse que levar
adiante a vida toda, sem chance de retomar. E quando imaginamos algo que
não podemos recomeçar, geralmente sentimos pânico. É ter uma
única "bala na agulha" e ter que acertar.
Vale a pena a reflexão de que contratos podem ser
renováveis, e que as decisões não necessariamente precisam ser eternas.
Nada impede que, quando optamos por um curso, tenhamos a possibilidade de
revê-lo. Nem sempre conseguimos aos 17, 18 anos ter clareza do que nos espera
pela frente. As vezes, o jovem opta por um curso e depois de cursá-lo por um
período, que não deve ser inferior à 1 ano, ele perceba que se equivocou, que
imaginou uma coisa e o que está vendo é outra.
Porque cursar pelo menos 1 ano?
O período que antecede a decisão e a entrada no curso
superior é muito angustiante e aflitivo. O jovem se vê com várias portas
à sua frente, mas não sabe o que encontrará depois delas. Há receio em não
passar no vestibular nem público nem privado. Há receio de saber onde vai
morar, se vai morar em república, deparar-se com tantas pessoas que nunca
viu, com hábitos e valores diferentes, se vai adaptar-se
longe de casa. Para apropriar-se dessas mudanças, o jovem necessita
de convivência, de tempo, de contato. Essas incertezas vão se diluindo
gradualmente, homeopaticamente, conforme o jovem vai intensificando sua
vivência, mudando sua rotina, acostumando-se com as novidades, vai
deixando para traz suas ansiedades, e deixa de viver um imaginário,
passando a ter domínio do novo espaço que ocupa, da nova realidade que
agora, faz parte da sua vida.
Se tiver que resolver em pouco tempo todos esses anseios, o jovem corre o risco de achar que uma saudade grande da família ou da namorada(o), uma não adaptação à república, signifiquem que ele escolheu o curso errado, quando, na verdade ele ainda não conseguiu inserir-se no contexto da graduação, das aulas, dos trabalhos, enfim. Por isso, a importância de ter o tempo necessário para discernir entre um sentimento e outro, entre o que é da convivência fora de casa e o que é do curso. Diria que o 1º semestre é para o amontoado de novidades que o jovem está enfrentando, e o 2º semestre é para de fato o jovem decidir se é esse curso mesmo o seu escolhido.
Se tiver que resolver em pouco tempo todos esses anseios, o jovem corre o risco de achar que uma saudade grande da família ou da namorada(o), uma não adaptação à república, signifiquem que ele escolheu o curso errado, quando, na verdade ele ainda não conseguiu inserir-se no contexto da graduação, das aulas, dos trabalhos, enfim. Por isso, a importância de ter o tempo necessário para discernir entre um sentimento e outro, entre o que é da convivência fora de casa e o que é do curso. Diria que o 1º semestre é para o amontoado de novidades que o jovem está enfrentando, e o 2º semestre é para de fato o jovem decidir se é esse curso mesmo o seu escolhido.
Geralmente quando isso ocorre, o jovem titubeia em falar com
seus pais. Tem receio de dizer que "errou" pois isso pode soar
como uma fragilidade, algo ruim. Também costuma ter um sentimento de que não
conseguiu devolver no "tempo certo" aquilo que os pais lhes deram com
tanto esforço.
Há que haver a abertura para um espaço dialógico, onde pais
e filho possam empaticamente conversar sobre o assunto.